Tava querendo escrever não sabia bem o que, mas a ida de
Manoel Salustiano Soares, mais conhecido como Mestre
Salu, pra outras bandas deixa a cultura
Pernambucana meio que órfã.

Não faz muito tempo, os
folguedos populares de Pernambuco (
exceto frevo,
baião e ciranda) eram tidos como coisas menores, coisa "de
gentinha", ou de "
macumbeiro", dos "ignorantes" e outras denominações
pejorativas.
Apesar dos trabalhos de Câmara Cascudo e Mário de Andrade sobre a riqueza de nossa
cultura popular, as pessoas de classes alta, média, remediada e mesmo
setores mais urbanizados das classes trabalhadoras tratavam essas manifestações com desdém, em especial
Maracatus,
Caboclinhos e Cavalo Marinho. Alguns recortes de jornais da primeira metade do século passado, por exemplo, protestam contra o fato de que um determinado clube da
zelite pernambucana ter tocado, durante o
tríduo momesco,
maracatu, e falamos aqui de
Maracatu de Baque Virado, ou
maracatu nação, bem mais ambientado na vida urbana.
Falar em
Maracatu Rural, com seus
cabocos de lança,
caboclos de penas, damas do passo e sua
inconfudível musicalidade era praticamente um palavrão. Pouco se sabia sobre as personagens humanas, animais e fantásticas do Cavalo Marinho. Babaus, Emas, Burras, Mateus, Bastião e Catirina eram coisas distantes, embora lambessem nossas caras.
O Movimento
Armorial fundado por Ariano
Suassuna, Família Madureira,
Antônio Nóbrega, entre outros, aproximou a cidade desses
folguedos, o movimento Mangue de Chico
Science e Fred Zero Quatro, Mestre Ambrósio e
cia. ilimitada desmistificou de vez. Não ficou difícil ver estudantes universitários aprendendo a tocar rabeca, cantar
loas de samba de
maracatu e dançar Cavalo Marinho.

Esses movimentos não seriam possíveis sem a presença de Mestre
Salu, que, generosamente, de sua Casa da Rabeca, ensinou, a tod@s, os caminhos que levavam à beleza da cultura
pernambucana.
O que é que tudo isso tem a ver com cachaça? Primeiro que os grandes homens e mulheres devem ser lembrad@s e celebrad@s, bebamos a ele. Segundo,
Azougue é a bebida que os
Caboclos de Lança bebem antes de sair pro
carnaval, é feito de cachaça de cabeça e pólvora...
VALEU SALU!