quarta-feira, dezembro 22, 2004

Quem nunca toma mé...

Na minha última visita ao meu cardiologista, sem querer querendo fui chegando assim de mansinho me enchi de coragem e inquiri: "Doutor, fim de ano tá aí, posso 'brindar' com vinho, whiskie ou Vodka?"
O doutor, gente boa pracarai, e que só é chato em relação ao cigarro, disse que eu podia 'brindar', e que o problema com álcool era se fosse intenso, ou aceso, numa garrafa plástica, por uma criança. Noutras palavras, eu posso até tomar uma (uma mesmo, não mais que isso) de vez enquando, desde que com moderação, e não reserve todos os meus possíveis tragos devezenquandais para um dia só, e que o problema fundamental era evitar o salgadinho...
Falar em beber de uma vez só, isso me alembrou o caso de Socorro. Uma simpática senhora oriunda das bandas do sertão do fiofó, de onde o mala Marcelo Vai Tomar no Cu escreve um blog sobre as notícias do cu do mundo.
Pois a danada nunca tinha bebido, e, embora fosse super gente fina (na simpatia, pq era gordinha até umas horas) vivia enchendo a paciência de Zé, seu marido, por causa de cachaça. A culpa nunca podia ser de Zé, mas do pai de Zé, já que esse cidadão chamava-se, e ainda chama-se, espero, Zé Dionísio, ou seja, a versão Grega pra sempre cultuado em Roma, Baco, deus do Vinho.
Embora não houvesse Culto a Baco, ou cu tabaco como sugere o pleonasmo formado, as cachaças bebidas naquela casa eram divinais.
Certo dia, mais precisamente uma terça feira de carnaval, num é que Socorro inventou de encher a lata com uma garrafa de Teachers, que estava solitária e carente em cima da mesa! Resultado, ficou Socorro sendo socorrida pela mãe, irmã e presentes, dando um vexame daqueles, e levando baldes e mais baldes de água, detalhe é que, no agreste e sertão, água geralmente deixa a sensação térmica bem mais abaixo do que é normal.
A boa parte foi que a mulher se transformou. Gritava aos quatro cantos, entre gargalhadas homéricas, que "não sabia que ficar beba era tão bom", e que "se soubesse que um 'titchizinho' (como lhe saía pronunciado o nome da nobre marca escocesa) era tão bom, nunca teria brigado com seu marido por causa de cachaça..."
É como diz o ditado: "quem nunca toma mé, quando toma só abusa..."
A quarta feira de cinzas foi de uma ressaca hercúlea para aquela mulher, mas, dito e feito, nunca mais ela xingou Zé Dionísio por causa da danada da cachaça.

Bota um "brindezinho" pra mim aí, siminino

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Fudeu a tabaca de chola

É com imenso pesar que esse que vos escreve esse devezenquandário vem informá-los que está proibido de se arvorar aos prazeres da cana, posto que um cardiologista, verificando minhas taxas alcóolicas, disse literalmente: "para tudo, senão tu vai beber água de raíz, por baixo da terra".
Entretanto, vou logo avisando aos papudinhos de plantão: se precisarem de uma "graxinha" pra assar uma carne, ou pra botar (nbsc) por cima do cuscus (nbsc) é só falar, posto que, com uma taxa de triglcerídeo de 610 óleo é o que não falta no meu álcool. Aliás acho que esse álcool tão oleoso tá parecendo rum carta ouro...

sexta-feira, novembro 12, 2004

Direção e cachaça...

Há 28 anos eu tive a felicidade de passar num concurso público aqui em Pernambuco. Fui trabalhar em Caruaru, e o meu posto de trabalho ficava "lánacasdicarai", portanto eu tinha que chegar em Caruaru, esperar um motorista pra pegar um jeep que me levasse "lánacasdicarai", já que só 4x4 poderia chegar naquelas serras ( e às vezes ainda atolava e só trator tirava do canto) onde eu passava 10 dias direto e folgava 20. Foi nessa que eu conheci zé gomes, motorista do referido órgão público. O cara parecia um Alfred E. Neuman visto numa lente de aumento (pra quem não sabe, Alfred E. Neuman é aquele baixinho da revista MAD), sempre de sorriso no rosto, e um bafo de cachaça iningualável. Zé Gomes iria me levar (sempre) da sede, em caruaru, em "seu" jeep, que atendia pela alcunha de Jerôncio, até "lánacasdicarai". A primeira vez que o cara me levou eu tive um sustozinho. Saímos da sede e, já na frente o cara parou numa barraca e pediu uma "larguinha", na verdade um quartinho de cana devidamente engolido de uma única vez, pra tira gosto o danado ainda pedia "uma lasquinha desse pão aí". Andamos mais uns 5 Km e foi outra "larguinha" e "uma lasquinha desse pão aí". E assim, de tantinho em tantinho, até chegarmos "lánacasdicarai", passando pela trilha de enduro que separa caruaru de são caetano, entrando em uma porrada de tabuleiro de pirulito que o povo de lá chama de pista, e subindo umas serras que mais pareciam ter saído de algum livro de hisória infantil, uma mistura de montanha com sacarolha, com uma ribanceira do tamanho do mundo, que, pra não ver o carro rodando naquele barro que mais parecia uma barra (de sabão), zé gomes pegava jerôncio, encostava no barranco do lado e acelerava. O cara dirigia e era muito, num tinha aperreio, num tinha dia ruim, chuva, buraco que fizesse o cara sair da rota. Certo dia quando eu tava "lánacasdicarai", chega zé gomes pra me trazer de volta, com uma cara pálida, triste. Preocupado fui perguntando o que era, e ele: - Rapaz, essa semana eu fui vestir uma camisa e olha pra isso (levantando a camisa mostrou um ferimento) tinha uma porra de uma aranha na minha camisa que me arrombou, e agora num tô nem podendo beber. Pense numa torada de aço descendo. O Cara não sabia dirigir sóbrio não. Saiu tirando fino em todo mundo, quase mata duas galinhas, um boi, três velhinhas. Caminhão para ele era como se fosse uma moto, os postes atravessavam loucamente a pista enquanto ele desviava. Sei que foi um fusuê tão ducarai, que só não cheguei em caruaru todo cagado porque eu tava apertando tanto o oiti que por ali num passava nem pensamento. E o pior, como o cara não tava bebendo nem parava nos botecos de sempre pra eu tomar umas pra aliviar o coracisco (cisco mesmo, já que ficava do tamanho do substrato do pó da bufa dum mosquito). Sei não, mas acho que tem gente que devia ser proibido de dirigir sóbrio! Vixe, me lembrei disso deu logo uma sede da gota! Bota uma larguinha pra mim aí, siminino!

segunda-feira, novembro 08, 2004

De como eu ajudei a encher um poquinho o capibaribe...

Pois é, moçada, aconteceu no chevrolet hall o primeiro salão da cachaça de Pernambuco.
E eu, como um condenado desesperado do cancro dos infernos, tava completamente liso. Como diz a sapiência (nada a ver com sapo não, madame, pode ficar a vontade que nada vai pular em cima da madame não) popular: "Mais liso que mussum ensaboado, e mais duro que pau de tarado!"
Daí que eu fiquei só nas bandas da tríplice fronteira do "I" (Imbiribeira, Ipsep e Ibura) que é onde eu mantenho meus panos de bunda unidos aos da minha digníssima esposa.
A disgrama da inveja e da vontade só não foi maior porque tinha uma garrafa do velho remédio conhecido como "PITUCILINA VIA ORAL" em meu congelador que me fez não passar tanta necessidade.
Hoje só escuto o povo, daqui dessas bandas onde eu trabalho, falando em "estande", e "na fábrica tal eu esperimentei num sei quantas", e "cheguei em casa beldo", de forma que, de maneiras tais, minha boca já salivou tanto, que pode dar uma olhadinha se o Capibaribe num está um cadinho (cadinho tem que ser ele ela) mais cheio!
Bota uma larga pra mim aí, siminino!